Danilo Santos As Crônicas de um Piloto

Crônicas de Danilo Formula 1

As Crônicas de um Piloto

Capítulo 4 - O Novo GP do Deserto

Após o fim da coletiva de imprensa, Fisichella e Alonzu caminhavam juntos em direção ao Motor Home de sua equipe. Insatisfeito com o comentário, Fisichella indagou:

(Fisichella) – Você está muito confiante pelo visto...

(Alonzu) – Claro que estou! Eu sou o melhor de todos!

(Fisichella) – Vou mostrar para você que me vencer não será tão fácil assim...

(Alonzu) – Ok! Então tente. Sucesso para você!

Fisichella ficou parou e Alonzu continuou a seguir seu caminho.

Não muito tempo depois dos pilotos voltarem aos seus Motor Homes, o chefe, Flavio Triatore, os chama para uma reunião.

Nesta reunião apenas participaria um engenheiro de confiança, Triatori, Fisichella e Alonzu. Este encontro deveria ser mantido em absoluto sigilo.

Triatori então inicia a reunião da seguinte forma:

(Triatori) – Queremos agradecer a todos vocês por suas presenças. Primeiramente queremos elogiar o excelente desempenho de nossos dois pilotos nas corridas. Quero agradecer o nosso engenheiro-chefe que também tem realizado um ótimo trabalho no desenvolvimento do nosso carro.

Formula 1 - As Crônicas de Um Piloto 2005 - Danilo Santos

- Preciso também contar com a colaboração de vocês. Esta reunião deve ser mantida em absoluto sigilo. Ninguém, nem mesmo os outros funcionários daqui devem saber. Posso contar com vocês?
(Fisichella) – Sim! Claro!

(Alonso) – Claro que sim! Com certeza!

(Triatori) - O motivo da nossa reunião é o seguinte. Embora nosso carro seja veloz este ano, acreditamos que em breve ele será superado pelos outros times. Por isso, desenvolvemos algo, um dispositivo, que ajudará nosso carro ser o mais rápido de todos.

(Engenheiro) – Este dispositivo tem como objetivo amortecer com muito mais eficácia o atrito entre os pneus e as ondulações das pistas e as zebras altas. Assim, o carro terá muito mais aderência em pistas muito onduladas e muito mais estabilidade quando vocês passarem pelas zebras. Chamo isso de “amortecedores nossa”.

(Triatori) – Claro que para instalarmos nos carro, precisamos que vocês concordem com isso.

(Fisichella) – Pelo que eu entendi este dispositivo assemelha-se muito com a suspensão ativa que foi banida. Sendo assim, isso seria ilegal, não?

(Triatori) – Teoricamente sim...

(Fisichella) – E se nos descobrirem?

(Triatori) – Tenho certeza que não seremos descobertos. Se formos, será tarde demais e se um de vocês abrirem a boca. Você não deve se preocupar com isso.

(Fisichella) – Não! De jeito nenhum! Não concordo! Não precisamos disso. O nosso carro está muito bom. Temos a total capacidade de contornarmos qualquer problema de desenvolvimento que possa ter. Vencemos já duas corridas, não tenho dúvidas que poderemos vencer mais vezes...

(Triatori) – E como você acha que conseguiu vencer a 1ª corrida?
(Fisichella) – Como é que é?

(Engenheiro) – Sim! Testamos o dispositivo primeiramente em seu carro e no último GP colocamos nos dois, para não levantar suspeitas!

(Fisichella) – O QUE?!

Enquanto Fisichella mostrava sua indignação, Alonzu percebeu que esta seria a sua chance que tanto aguardava.

(Alonzu) – Eu concordo com tudo isso!

(Fisichella) – O que?

(Alonzu) – Para mim o que importa é vencer e ser campeão.

(Triatori) – Isso, “meu filho” é assim que se fala! Então está tudo resolvido...

(Fisichella) – Como assim, tudo resolvido? Eu não aceito isso!

(Triatori) – O problema é seu! Na verdade não me importo com isso. Você não tem espírito de vencedor. Se você não quer, não tem problemas, instalaremos o “amortecedor nossa” apenas no carro do Fernandu...

(Fisichella) – Para mim chega. Vou sair dessa sala. Não quero ouvir mais isso...

(Triatori) – Você é um ingrato Gean Carlo. Estou muito decepcionado com você. Demiti aquele inglesinho do araque, pensando que você fosse diferente. Mas me enganei. Acho que só o Fernandu por aqui tem um espírito de vencedor.  Presta atenção no que vou dizer agora: Você pagará muito caro por sua insensatez. E cuide-se muito bem, caso resolva falar sobre isso para alguém... Há! Há! Há! Há!

(Fischella) – Isso é uma ameaça?

(Triatori) – Pense no que quiser! Pode se retirar... Alias, a reunião está encerrada!

(Fisichella) – Eu vou provar que posso vencer sem precisar disso...

(Alonzu) – Quero ver você conseguir!

(Fisichella) - Nunca imaginei que você fosse assim. Não consigo acreditar. Você é um trambiqueiro, sem vergonha!

Alonzu respondeu com sarcasmo

(Alonzu) - Há! Há! Há! Você acha isso mesmo? O que vem debaixo não me atinge!! Há! Há! Há! Há!

Todos ali caem na risada o que deixa Fisichella ainda mais irritado. Ele então saiu irritadíssimo da sala, enquanto Alonzu estava feliz com tudo aquilo. Desde então, Triatori deu ordens para que todos na equipe dessem prioridade para o Fernandu.  Os dois pilotos nunca mais desde então se falaram.

Não muito longe dali, no Motor Home da Ferrari, Danilo continuava pensando em Pérdula, mesmo que haviam se passado seis meses que não se falavam. Ele ainda estava muito triste e por isso não conseguia encontrar a mesma motivação que tinha no ano passado.

Para piorar, o seu carro foi mal desenvolvido, diferente do modelo do ano passado. O motor do carro não foi muito bem projetado para ter boa potência e durabilidade os pneus estão desgastando muito mais do que o previsto.

O péssimo desempenho seguidos de Danilo na classificação, gerou criticas, principalmente na imprensa italiana.

Michel, até então, obteve resultados pouco expressivos, assim como Haikkonen.

Filipe está um tanto satisfeito com a equipe e seu resultado na Malásia.

Os principais pilotos do ano passado estão todos “apagados”. No ínterim, Fernandu Alonzu, Fisichella e Trulli são os pilotos que melhor se desempenharam até agora.

O circuito de Sakhair tem como características, retas muito longas, curvas de média velocidade e curvas bem acentuadas chamadas de “cotovelo” e toda a área de escape praticamente é feita com a própria areia do deserto!

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A curiosidade para esse GP, é que a religião do país, não permite que sua população utilize bebidas alcoólicas. Assim, foi proibida a “festa do champanhe” no pódio. Contudo, os organizadores tiveram uma ideia inteligente, em produzir suco de frutas não alcoólico, mas bem espumante, assim como o champanhe.
Para este GP do Bahrein, a equipe Mclaren decidiu colocar seu piloto reserva Pedro de la Flor (espanhol), em vez de Montoia, piloto titular. A explicação que deram é que o piloto estava com uma gripe muito forte e não poderia participar do GP.

As equipes já estão montadas, a previsão do tempo é muito sol para os três dias do GP, como haviam previsto.

Nos treinos livres, os pilotos da Renault novamente foram os mais rápidos e o que se observou foi que os carros da McLaren deram uma boa evoluída, aproximando-se da Renault.

A equipe Ferrari trouxe seu novo carro FW 2005, que seria pilotado apenas pelo Schumacher. Danilo continuaria usando o modelo antigo adaptado até o GP de San Marino. A previsão da equipe era de muito otimismo. Otimismo que durou pouco.

Pelo visto, o Gean ficou muito abalado com aquilo, pois na Sessão de Classificação, ele conseguiu apenas o 10º melhor tempo, enquanto o Fernandu foi o Pole Position. Mesmo sem os amortecedores ilegais, ele não deveria ser tão lento assim.

No dia seguinte e no domingo, antes da corrida, ocorreram as duas Sessões de Classificação. Alonzu conseguiu mais uma vez ser o pole position. Michel Schumacher pela primeira vez no ano largará na 1ª fila (ou segundo lugar). Trulli mais uma vez com sua Toyota, largará em 3º. Porém Haikkonen irá largar em 9º e Danilo na 15ª posição.

Certo jornal europeu destacou em sua manchete: “Santos: Um campeão ou um retardatário?”. Outro ainda tem como manchete: “Santos o campeão de perna curta”. Além de criticá-lo eles usaram ainda de sarcasmo para darem mais “vida” a suas críticas.

A pressão interna e externa crescia cada vez mais. Isso prejudicaria mais ainda seu trabalho.

A corrida começou. O pentacampeão Schumacher pressionava muito o jovem Alonzu para realizar a ultrapassagem. Os pilotos se “espremem” na primeira curva, mas sem nenhum acidente. Alonzu seguiu na frente.

Logo alguns pilotos abandonam a corrida. Danilo permanece a décima quinta posição, mas foi ultrapassado por Barriguello, da equipe BAR.

Haikkonen consegue fazer uma corrida de recuperação estando entre os seis primeiros.

Schumacher continuava pressionando Alonzu, porém seu carro não aguentou e na décima segunda volta, ele foi forçado a abandonar a corrida.

Com o abandono do alemão, ficou fácil para Alonzu. Bastava apenas administrar sua vantagem para com o 2º colocado que era bem confortável.

Por outro lado, Danilo continuava a ter problemas com o seu carro. Ele era o último colocado.

Haikkonen aos poucos se recuperava e De La Flor, se destacava na corrida.

Trulli fazia uma boa corrida, estava na segunda colocação, mas sua Toyota não era capaz de alcançar o líder.

Com uma constância melhor, Haikkonen conseguiu assumir a terceira posição e o irmão de Michel, o Ralfo, se manteve na quarta colocação.

Fernandu Alonzu por fim venceu a sua 2ª corrida no ano. Dez segundos depois, Trulli terminou sua corrida em 2º lugar e Haikkonen em 3º, subindo no pódio pela 1ª vez no ano.

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Seu companheiro. Pedro de la Flor foi o grande destaque da corrida, conseguindo belas ultrapassagens, largando na 8º colocação e terminando a corrida em 4º, além de conseguir a melhor volta da corrida. Devido a muitos abandonos, Filipe conseguiu os seus primeiros pontos do ano ficando em 7º e Danilo se “arrastando” com o carro na 9º posição, ou seja, em penúltimo lugar, ele continuava a andar muito lento e errava demais.

A festa do pódio mais uma vez foi animada e com pilotos diferentes. A classificação final do GP foi:

Pos Piloto Equipe Tempo
Fernandu Alonzu Renault 1:29:18.531
Jarno Trulli Toyota + 13.4s
Kini Haikkönen McLaren + 53.2s
Ralfo Schumacher Toyota + 64.9s
Pedro de la Flor McLaren + 74.7s
Marko Webber Williams + 1 volta
Filipe Massa Sauber + 1 volta
David Coulthard Reb Bull + 1 volta
Danilo Santos Ferrari + 1 volta

O péssimo desempenho do piloto da Ferrari, fez com que Jin Toodi convocasse uma nova reunião de emergência  entre mecânicos e pilotos.

Todos sentam na sala de reunião e começam a discutir sobre os possíveis problemas. Depois de todas as informações levantadas, Toodi diz a Danilo:

(Toodi) – Danilo, segundo os gráficos aqui, seu desempenho está muito abaixo do esperado. Realmente esse ano, nosso carro, está cheio de defeitos, mas você largou em 15º, enquanto Michel largou em 2º. Enquanto ele estava disputando a primeira posição, você estava “se matando” para não deixar uma Minardi te ultrapassar, o que está acontecendo?

Danilo abaixa a cabeça e lhe responde:

(Danilo) – Sinto muito! Desculpe-me!

(Toodi) – “Sinto muito” e “desculpe”, é só isso que você tem a dizer?

Michel tenta contornar a situação:

(Michel) – Senhor, tivemos um dia duro hoje, vamos deixar esse tipo de pergunta para outro dia. Nosso carro estava ruim e...

(Toodi) – Não quero saber sua opinião, eu quero saber a dele!! (replica Toodi, bem irritado!)

(Danilo) – Não sei! Eu.... Não consegui me concentrar direito, eu admito meu erro, me desculpe! Além do mais meu carro estava muito ruim, fiz o que pude, dentro de meus limites.

Toodi respira fundo e diz a todos:

- Danilo se você não se sente bem por alguma razão, estamos aqui para te ajudar. Iremos te dar toda a assistência que precisar, está bem?

- Sim, muito obrigado! – Responde ele cabisbaixo.

- Tudo bem então, reunião encerrada! – Finalizou o chefe.

Depois disso, Toodi recebeu uma dura bronca de seus superiores.

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A tensão aumentava dentro da equipe. Os jornais começavam a criticar a equipe, principalmente o brasileiro.

Enquanto isso Alonzu e Renault festejavam a vitória e festejava a liderança de seu piloto no mundial.

Já era noite quando Danilo pôde voltar ao seu quarto para poder descansar. Contudo, muito pensativo, ele não conseguia dormir. Além da distância de casa, seus planos fracassados, sua equipe em má fase, as críticas da imprensa, agora é a pressão da equipe.

(Contínua no próximo capítulo | Confira também a tabela do campeonato)

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