Danilo Santos As Crônicas de um Piloto

Crônicas de Danilo Formula 1

As Crônicas de um Piloto

Capítulo 21 - Lembranças - A última Transformação!

Sem problemas o avião faz a decolagem. Ele faria uma escala em Paris, outra em Londres e depois iria direto para o Brasil. No mínimo a viagem duraria 12 horas! Obviamente ele estava ansioso em rever a família, contudo, as lembranças com Pérdula e Laly se misturavam com a de seus familiares. A vontade de revê-las, também, era muito grande.

Ele fechou os olhos e passou a lembrar de alguns momentos bem guardados em sua memória:

Lembro-me daquele dia no qual estávamos voltando para casa depois daquela reunião. Estávamos Pérdula, eu e Laly. A Laly tinha uns 9 ou 10 anos naquela época. Quase fiquei doido. Pérdula queria contar uma história e Laly outra. Elas falavam ao mesmo tempo, dizendo:

- (Pérdula) - ... Você sabe da onde inventaram a história do ‘Papai Noel’?

- (Danilo) – Hummmmm, não sei!

- (Laly) – Eu sei!

(Pérdula) – Deixa ele descobrir...!

(Danilo) – Eu não sei, exatamente!

(Pérdula) – Eu falo então. No século 18...

(Laly) - ...Tinha uma pessoa que....

(Laly e Pérdula) – Que era muito rico....

(Pérdula) – Para Laly! Deixa eu falar!

(Laly) - ...

 (Pérdula) - ...Ele sempre ajudava uma moça que era muito pobre....

(Laly) -... Você sabe de onde começou a história do coelho da páscoa?

(Pérdula) – Laly me deixa contar....

(Laly) – Está bem! O "Papai Noel" era um católico chamado Nicolau que para que essa jovem não se prostituísse ele todos os dias jogava uma bolsinha cheias de moedas....

(Pérdula) - .... Ele jogava todo dia durante a noite pela chaminé da sua casa...

(Laly) ... – E como ele era um católico da classe clerical (eu falo difícil né?!) ele se tornou o “São Nicolau” ...

(Pérdula) – Isso! Daí o tempo foi passando e na década de 1950 a mídia redesenhou a representação do papa Nicolau para Papai Noel como um senhor bem velhinho e gordo. Assim, venderam horrores de seus produtos. Muitos países aderiram a essa lenda, e agora conhecemos neste formato!

(Laly) – A história também é bem legal...

(Danilo) – Acalmem-se meninas! Falem uma por vez! Vocês vão acabar me deixando doidos! Há! Há! Há! Há!

(Pérdula) – Eu estou falando e ela fica falando junto...

(Laly) – Não! Eu estou falando e você é quem está falando ao mesmo tempo!

(Pérdula) – Ora! Então, deixa eu terminar de falar e depois você fala...

(Laly) – Ahhh.... Você é "mó" chata!

(Pérdula) – Você que é uma chata!!

Laly mostrou a língua para Pérdula dizendo:

– Nhiéééé pra você!

Perdula respondeu por sua vez:

(Pérdula) – Menina mal-educada!

Depois disso a conversa terminou assim:

(Laly) – Ahhh se eu sou mal educada você é uma chata. Sua chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Laly) – Chata!

(Pérdula) – Mal educada!

(Danilo) – Há! Há! Há! Há! Meninas não briguem!!

(Pérdula) – Ela que começou!

(Laly) – Não... foi ela que começou!

Pérdula se irritou. Laly também ficou nervosa. Uma começou beliscar a bochecha da outra ao mesmo tempo.

A discussão começou a ficar cada vez mais acalorada. Eu me intervi dizendo:

- Por favor meninas, Não façam isso!

A irritação que uma estava sentindo pela outra foi tudo redirecionado a mim. Elas pararam de se beslicar, olharam em meus olhos. Ao perceber isso eu disse:

- Calma aí gente, o que vocês pretendem fazer?!

Eu tentei recuar, mas as duas me deram ao mesmo tempo um soco e disseram:

- E você não se meta nisso!

Primeiro Laly me bateu:

- Orôôôôôôôô!

Logo em seguida, Pérdula:

- ORÔÔÔ!!!

Eu vi um monte de estrelinhas, mas tudo bem. Foi muito legal esse dia, bem diferente daquele dia que eu estava apenas com Laly.

Certo dia estávamos caminhando. Ela estava carregando uma pequena mochila. Dentro dela tinha uma câmera digital novinha da família e um celular que ela ganhou dos pais a pouco tempo.

Era por volta das 16h. O dia estava nublado. Caminhávamos na calçada de uma avenida. O local que precisávamos passar tinha muito pouco movimento. De um lado dela tinha um galpão com mato alto e do outro apenas um muro de uma fábrica. Estávamos conversando como sempre fazíamos. Laly estava muito empolgada com sua nova câmera e o celular. Estes estavam guardados dentro de sua pequena mochila.

Todas as vezes que passeávamos, tanto com Laly, ou com Pérdula, eu ficava atento a qualquer possível perigo. Justamente aquele dia eu baixei a guarda. Fomos surpreendido por um rapaz armado. Isso faz quase dois anos, mas eu me lembro muito bem como foi aquele dia:

(Assaltante) - Me dá sua carteira. Eu quero agora, senão "meto" bala em vocês!

Eu estava muito apreensivo. Meu coração batia muito forte, mas Laly naturalmente estava pálida em quase estado de choque. Ele estava apontando a arma para mim. Eu não reagi e imediatamente entreguei minha carteira à ele. Felizmente eu não tinha quase nada lá, além de meus documentos (He! He!). Não se contentando ele apontou a arma para ela e disse:

- Menina! Me dá sua bolsa!

Mas Laly respondeu:

- Não vou dar! Ela é minha!

Fiquei com muito medo. Ele gritava cada vez mais dizendo:

- Me entregue essa porcaria de bolsa agora!!

Laly abraçou a bolsa, fechou os olhos e insistiu dizendo:

- Não vou dar!

Ele começou a nos intimidar cada vez mais com palavrões, insultos e ameaças. Parecia que sua paciência havia se esgotado. Por dentro eu estava ficando furioso. Ele engatilhou e apontou a arma para o rosto dela e disse:

- É a última vez que vou dizer, sua idiota! Ou você me entrega esta porcaria ou você nunca mais verá a luz do dia...!

Desesperadamente eu gritei, dizendo:

- Laly!! Entregue essa bolsa para ele agora!!!

Laly por fim lhe entregou a bolsa. Para nos provocar, ele arrancou a bolsa com toda a força dos braços dela. Eu estava ficando cada vez mais furioso, mas até o momento contido!

Ele zombou de nossa cara, apontou novamente a arma para mim e continuou zombando. Por fim, ele colocou sua arma em sua cintura. Após colocá-la, ele se aproximou da Laly, acariciou seu rosto e disse:

- Menina! Você tem muita sorte de ser tão bonitinha, senão eu já teria resolvido isso a muito tempo!

Eu fiquei paralisado, pois temia a vida dela. Por outro lado, mais e mais a fúria aumentava.

Formula 1 - As Crônicas de Um Piloto 2005 - Danilo SantosApós acariciá-la, ele a empurrou com toda a força fazendo ela cair ao chão de costas e novamente sacou a arma, apontou para ela e disse:

- Dá próxima vez você não terá essa sorte sua idiota! Há! Há! Há!

Ele se vira e finalmente nos deixa em paz. A humilhação e a intimidação que ele causou na Laly me deixou muito furioso, mas ter encostado aquela mão imunda nela e depois tê-la machucado a gota d´agua. Eu já não conseguia mais conter a fúria que eu estava segurando dentro de mim.

Laly estava no chão em estado de choque. Seus olhos estavam prontos para chorar. Eu ajudei a levantá-la e antes que começasse a chorar eu disse:

- Laly. Eu quero que você preste muita atenção no que eu vou te dizer. Descendo essa rua e virando aquela outra a esquerda há um orelhão (telefone púbico). Eu quero que você vá lá imediatamente e chame a polícia, você me entendeu?!

Ela respondeu:

- Eu entendi, mas e você?

Eu respondi:

- Eu vou pegar as suas coisas de volta!

Ela por sua vez replicou:

- Como você vai fazer isso? Eu quero ficar com você, eu estou com medo!

Eu tentei acalmá-la dizendo:

- Eu sei que você está com medo, mas você precisa ir até aquele orelhão imediatamente. Ali é seguro. Eu te garanto que nada vai lhe acontecer. Você precisa fazer isso, agora!

Ela insiste me dizendo:

- Eu vou ficar com você!

Eu gritei, dizendo:

- Ora me obedeça!! Você quer me atrapalhar ainda mais?

Ela respondeu:

- Mas...!

Eu gritei novamente, dizendo:

- Vaaii!!!

Por fim, Laly me obedeceu e correu para onde havia um orelhão.

Enquanto ela se afastava e o bandido também se afastava, mesmo não querendo, meus pensamentos me faziam lembrar do ocorrido e minha fúria alcançou limites nos quais não poderia chegar. Embora eu tentasse me controlar, mais eu ficava nervoso. Eu dizia em voz alta:

Formula 1 - As Crônicas de Um Piloto 2005 - Danilo Santos- Mise... Miserável... Como você... Pôde fazer isso.... Não suporto. Não suporto mais, não suporto mais canalhas como você...Rrrrrr!

Meus músculos estavam tendo várias pequenas contrações involuntárias. Eu continuava dizendo:

- Você... Como você pôde machucar Laly....?!

Meus músculos estavam cada vez maiores. Minha fúria estava além dos limites. Eu estava próximo de me transformar no "Super Danilo". Por fim eu me lembrei do momento em que ele encostou nela e depois a empurrou:

- Como você pôde encostar suas mãos imundas nela e depois machucar a Laly.

Meus músculos estavam tão grandes que minhas roupas pareciam que não suportaria, exceto a calça larga. Meus cabelos estavam se arrepiando. A transformação era iminente. Então eu dei um forte grito que equalizou em todo ambiente. Este liberou toda a raiva e a humilhação:

- AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!

Minha transformação estava completa. Eu nunca havia alcançado estes níveis de força, mesmo esta não sendo a primeira vez que eu me transformei em super-humano.

Formula 1 - As Crônicas de Um Piloto 2005 - Danilo Santos

Obviamente aquele grito chamou a atenção do assaltante que já estava a uns 700 metros de distância. Ele então parou. Neste meio tempo fui ao seu encalço. Enquanto ele se ainda se virava para saber o que estava acontecendo, eu já estava diante dele.

Ele nem se quer sentiu eu passando por ele, de tão rápido que foi. Mas ao se virar para continuar seu rumo, ele teve uma surpresa. Eu estava diante dele. Cara-a-cara. O assaltante ficou apavorado! Eu disse então:

- Você fez a minha melhor amiga chorar e jamais vou te perdoar por isso!

Primeiro ele tentou me golpear, mas antes que me atingisse o segurei pelo pulso. Segurei de uma maneira que ele não conseguia soltar. Parece que ele estava perdendo as forças devido a dor. Então eu o soltei. Ele mal havia recobrado as energias quando tentou sacar sua arma.

Mas, logo em seguida eu o golpeei. Com apenas um só golpe eu o nocauteei. Na realidade eu precisei dosar muito a energia do golpe para que este não fosse fatal.

Ao cair, ele soltou a arma que caiu ao seu lado. Eu olhei para ela e gritei dizendo:

- Tome isso!!

Eu descontei toda minha fúria naquela arma de fogo dando um forte pisão destroçando-a completamente. O pisão foi tão forte que até mesmo o asfalto se quebrou.

Parecia que tudo tinha se acabado. Eu fiquei parado, ainda transformado, olhando para aquele homem que nos roubou. Minha intensão era apenas pegar nossos pertences quando a polícia chegasse. Derrepente senti uma dor de consciência muito forte. Eu me arrependi de ter feito aquilo. Comecei a raciocinar em meu coração que não precisava ter chegado a este ponto.

Momentos depois, enquanto ainda olhava para ele, senti um golpe muito forte na cabeça. Alguém por trás me atacou.

Ao olhar para trás vi um rapaz com uma barra de ferro toda retorcida em sua mão. Ele entrou em pânico ao ver que seu golpe nada fez em mim. Ele soltou a barra. Eu me virei e perguntei:

- Você é amigo dele?

Que pergunta mais idiota! Era óbvio que sim! Pelo visto, esta pergunta lhe deixou ainda mais apavorado. Eu prossegui dizendo:

- Se você for, eu jamais irei perdoar o que vocês fizeram à Laly!

Ele simplesmente estava branco de tanto medo. Eu não pretendia atacá-lo, só iria dar-lhe um susto. Eu fiz minha posição de ataque e novamente lhe disse:

- Vocês machucaram a pessoa mais preciosa para mim e nunca irei perdoá-los por isso...!

Quando eu iria iniciar minha simulação de ataque, ele derrepente, começou a rir. Rir desdenhosamente.

Eu fiquei surpreso com esta atitude. Ele começou a me xingar e me humilhar. Fiquei sem palavras. Por fim ele disse:

- Ha! Ha! Ha! Vem seu idiota. Vem me bater. Quero ver se você é homem o suficiente! Antes de mais nada quero que você saiba de uma coisa... Eu sou de menor!

Eu fiquei espantado e lhe disse:

- O que! Você é de menor?

Eu dissimulei minha posição de luta e fiquei cabisbaixo e em silêncio. Ele continuou me dizendo:

- No fim das contas você é quem vai ser preso por me agredir... Há! Há! Agora com sua licença vou "catar" aquelas coisas que meu parceiro pegou...!

Eu continuei calado e cabisbaixo. Ele então passou a ir em direção aos nossos pertences quando eu passei a rir sarcasticamente dizendo:

- He! He! He! Ora! Ora! Você é de menor então? He! He!

O rapaz estranhou minha atitude e parou. Eu olhei para os olhos dele e continuei dizendo:

- É uma pena, mas preciso lhe dizer que... Eu também sou de menor.... !

Instantaneamente a cor dele mudou e novamente o rapaz ficou apavorado. Dessa vez eu voltei à minha posição de luta e em voz alta continuei dizendo:

- ... E jamais irei perdoar vocês........!!!

O rapaz saiu correndo numa "balada só". Eu nem se quer precisei sair do lugar. Ele foi em direção a avenida principal localizada ali perto. Quando ele chegou na esquina dava-se para ouvir a sirene dos carros da polícia. Ele montou em sua moto, mas ela não ligava. Ele forçou, forçou, até que finalmente a moto ligou. Ele deu a partida e saiu "cantando" pneu. Neste instante passaram várias viaturas da polícia a toda velocidade. Ao perceberem que ele era um suspeito, começou uma perseguição. Pelo visto a perseguição não durou muito tempo. Ele acabou caindo da moto e sendo capturado a poucos metros dali.

Eu fiquei observando tudo de onde eu estava, eu não sai do local. Neste mesmo instante, Laly voltava correndo e eu voltei ao meu estado normal. Laly me viu por alguns instantes transformado. Quando a vi, senti muita paz em meu interior e aliviado por tudo ter terminado bem. Finalmente pude consola-la como deveria. Ela estava muito assustada e cansada pela correria. Eu coloquei minhas mãos sobre seu ombro, olhei para ela e disse:

- Você fez um bom trabalho! Laly, estou muito orgulhoso de você! Você foi muito corajosa hoje!

Ela olhou para mim e sorriu, mesmo com o ainda com o rosto cheio de lágrimas. Não demorou muito ela se rompeu em prantos. Por fim dei-lhe um terno abraço, dizendo:

- Pronto, pronto, já passou, já passou.

Depois eu conclui, dizendo:

- Olha só, está vendo alí? É a sua bolsa!

Ela me perguntou:

- Mas como você conseguiu fazer isso?

Antes que eu respondesse uma viatura da polícia chegou.

O comparsa do homem que nos assaltou foi preso em flagrante e logo todas as viaturas chegaram a nosso encontro.

Um dos policiais passou a nos interrogar. Explicamos o que aconteceu. Vários curiosos nos cercaram. Lembrando que aquele que nos assaltou ainda estava no chão desacordado. O policial então me perguntou:

- Você quem fez isso?

Eu disse:

- Sim!

Ele olhou para mim meio desconfiado. Em seguida ele reparou a arma destroçada ao lado e me perguntou novamente:

- E aquilo, foi você também?

Eu respondi:

- Sim senhor!

Por sua vez ele me disse:

- Você foi muito valente, mas o que você fez foi muito perigoso, você sabia?

Eu cabisbaixo respondi:

- Mas eu juro que não faço mais!

Ele continuou, dizendo:

- Você colocou a sua vida e vida de sua amiga em perigo...!

Eu lhe respondi:

- Mas eu juro que não faço mais!

Ele também alertou ela dizendo:

- Menina, você não pode reagir também. Sua vida vale muito mais que seus pertences!

Ela respondeu:

- Mas eu juro que não faço mais!

Em seguida o sargento chegou até nós e disse ao policial:

- Prenda aquele sujeito que está desmaiado, e chame uma ambulância!

O policial respondeu:

- Não posso senhor! Eu esqueci as algemas na delegacia!

O sargento berrou dizendo:

- O Que???!

O policial sem jeito respondeu:

- Mas eu juro que não faço mais!

O sargento respondeu:

- O que?? – Berrou novamente o sargento.

O policial se corrigiu, dizendo:

- Desculpe senhor, isso não irá se repetir!

O delegado apareceu momentos depois e deu uma grande bronca no sargento, por um de seus homens terem cometido um erro desses. Após a bronca o delegado lhe perguntou:

- O que você tem a dizer sobre isso sargento?
O sargento respondeu:

- Mas, eu juro que não faço mais!

Enquanto isso, o homem que nos atacou recobrava a consciência e ele foi naquele mesmo instante preso. Ele dizia:

- Eu não fiz nada senhor. Não conheço eles não senhor. Eu estava passando por aqui só senhor. Aquela arma não é minha senhor. Eu nem sabia que era uma arma, senhor. Eu pensei que era um chaveiro, senhor, achei bonitinho, senhor, e levei para casa. Eu, senhor, sou apenas, senhor, um trabalhador honesto, senhor, senhor, senhor.
Quando tudo acabou pude respirar realmente aliviado. Os policiais fizeram a gentileza de nos deixar perto de casa.

Mesmo que tudo acabou bem meu espirito estava aflito. Até mesmo foi difícil pegar no sono naquela noite e foi assim nos dias seguintes. Embora eu não demonstrasse, minha consciência continuava muito pesada. Eu me perguntava: Será que aquilo que fiz foi necessário? Não seria melhor ter deixado ele levar tudo que queria, e pronto? E se fosse agir, não era melhor ter feito antes? Por que justamente aquele dia eu baixei a guarda? Por que permiti o medo me paralisar? Eu não consegui encontrar as respostas...

Eu decidi então, nunca mais me transformar em "Super Danilo". Aquela vez foi a última até o dia de hoje. Me esforço para que a fúria não me domine, como naquele dia. Apenas aquela vez que aquele vizinho infeliz atacou Pérdula que quase me transformei, mas eu me controlei e isso não aconteceu. (Veja o cap1)

Os dias foram passando e precisei esquecer dessas perguntas, visto que, quando encontrei Laly na semana seguinte, ela me fez um monte de perguntas das quais precisavam de respostas. Ela me perguntou:

- Como você conseguiu fazer aquilo? Eu não sabia que você era tão forte assim!

Eu lhe respondi:

- Eu vou lhe e explicar. Mas não conta para ninguém está bem? ...

- Sim! - Disse ela.

Eu prossegui dizendo:

- Quando eu era bem garoto, eu estava fazendo alguns exames médicos. O procedimento deste envolvia a aplicação de uma substância química misturada com um soro radioativo nas minhas veias. Algo aquele dia deu errado, talvez colocaram mais do que deveria em meu corpo.

- Descobriu-se que, minhas células absorveram todo este material radioativo. Não se sabe ao certo o motivo, mas ao invés de destruí-las, elas ficaram super resistentes. Ao se multiplicaram, nasceram novas super células.

- Os médicos concluíram que mesmo não podendo mais expelir aquele material químico e radioativo, eu poderia ter uma vida normal. Poderia acontecer, no passar do tempo, surgir alguns sintomas, mas não saberiam quais.

Ela então concluiu:

- Ah, então é por isso que você tem tanta força?

Eu respondi:

- Sim! Ao passar dos anos, notei que eu estava cada dia mais forte. Eu treinava duro para ficar ainda mais forte. Mas a história não para por aí!

- Alguns anos atrás, fui ao Japão em busca de um tratamento médico. Por acaso conheci algumas pessoas (que não eram no ramo médico) e eles me ensinaram suas técnicas e fiquei mais forte ainda.

Laly entendeu, mas ainda tinha mais uma dúvida:

- Aquele dia seu cabelo estava diferente. Derrepente ele ficou normal, como você fez isso?

Eu lhe respondi, dizendo:

- Há! Há! Há! Você me viu transformado em Super Danilo é?

- Super Danilo?? - Perguntou ela.

- Esse é o nome que dou para aquilo que você viu. Lá no Japão, certa vez, enfrentamos um inimigo muito forte. Este feriu uma pessoa muito legal que conheci. Eu fiquei muito furioso ao vê-la ferida e queria derrotar este inimigo com minhas próprias mãos. Mas eu sabia que era impossível. Em grandes quantidades, aqueles hormônios que estimulam a raiva no cérebro, se misturaram com aquela química que havia em meu corpo, que reagiram de uma forma que ninguém imaginaria. Meu corpo ficou extremamente forte e resistente, fiquei muito mais veloz e meus cabelos ficaram arrepiados. Eu supero os limites de qualquer outro ser humano. Eu passo a ser um super-humano. Até aqueles meus colegas, os mais fortes, ficaram surpresos com minha força.

Laly me questionou, dizendo:

- Entendi! Então você é tipo o "Incrivel Hulk"?

- Sim! Quer dizer, digamos que sim! A diferença é que eu não fico verde como ele. Controlo totalmente a transformação. Posso me transformar e voltar ao normal sempre que eu quiser.

Ela me perguntou de novo:

- Então você é forte que nem o super-homem?
- Não sei te dizer. - Respondi.

Ela me fez mais outra pergunta:

- Por que você então não vira um super herói?

- Boa pergunta! Na realidade, conclui que não tenho esse direito. Apenas um tem o direito legal para ser o "herói", (por assim dizer), das pessoas. Ele não tem só o direito como muito mais poder que eu ou qualquer outro para fazer isso. E mais: O que eu fizer, pode resultar em mais problemas. A maneira que ele fará não será assim. Por isso não viro um super herói.

- Você por exemplo, não precisa ter super poderes para salvar a vida das pessoas, sabia? Sei que você tem potencial para isso, e sei que, quando você crescer mais um pouco, fará isso! Basta você continuar sendo como você é, e buscar o progresso neste caminho.

Alguns dias depois em uma outra oportunidade, enquanto conversávamos eu estava sem jeito, mas falei:
- La-laly. Preciso te dizer uma coisa?!

- Fala!

- É que, sabe....

- O que?!

- Então, quando a gente anda junto, eu te-nho...

- Tem o que?? Para de enrrolar!

- Eu tenho medo que algum mal lhe aconteça, sabe?! Aquele dia... Eu... Eu fiquei com muito medo que... Que você se ferisse... E fiquei paralisado. Você é como uma irmã para mim. Eu não quero ser super herói, mas saiba que, enquanto formos amigos, sempre irei te proteger quando for necessário. Sempre que você precisar de qualquer coisa, você pode contar comigo... É isso!

Soei frio, mas consegui dizer. Talvez nunca alguém tenha falado algo assim para ela. De início ela achou que eu estava brincando. Eu interrompi o que estava dizendo, e perguntei:

- Ha! ha! ha! ha! – Que cara é essa? Eu estou falando sério!

(Laly) – Não é nada não, eu acredito em você!

(Danilo) – Sei não, não parece muito não hein?!

(Laly) – É sim!

Ela fez uma carinha que nunca vou esquecer! Daí eu conclui, dizendo:

- Naquele dia eu não fiquei daquele jeito tão furioso porque aquele homem me roubou ou me xingou. Foi o que ele fez com você que fez eu me transformar em “super Danilo”.

- Sério?, Nunca ninguem me disse algo assim. Você é diferentente. Que bom que tenho um amigo como você! – Disse ela.

Nunca vou esquecer também dos olhos brilhantes dela quando lhe mostrei uma música e quando lhe dei um CD do conjunto de qual ela mais gostava. Ela deu um salto em minha direção, me deu um forte abraço e me disse:

Algumas horas se passaram, enquanto Danilo ainda recordava de seus bons momentos com Pérdula e Laly o avião começou a chacoalhar. Seu momento de recordações foi abruptamente interrompido. Muitos passageiros que estavam dormindo, acordaram assustados. O medo tomou conta do ambiente. O avião não parava de tremer. Será um problema mecânico? Será uma forte turbulência? Ou os dois? Não perca o próximo episódio de As Crônicas de Um Piloto!

(Contínua no próximo capítulo | Confira também a tabela do campeonato após o GP da Hungria)

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