Assim como um carro de Fórmula 1 passando por uma reta a 340 km/h, assim passaram as duas semanas e como um piscar de olhos, o final de semana para o GP do Canadá chegou.
Todos estavam nas Américas, onde seria realizado o 1º GP no continente.
Na Ferrari as coisas parecia estarem melhores. O carro estava mais rápido e os dois pilotos estavam confiantes.
Porém, Danilo observava cada vez mais claramente que a equipe estava dando mais apoio ao Michel.
No mesmo fim de semana, a Federação divulgou uma nota, no qual dizia que, a desclassificação do título de Danilo foi devido a uma suposta irregularidade no processo de relargada no GP do Japão, última corrida da temporada passada. Para muitos especialistas a Federação apenas encontrou uma maneira de abafar e se livrar de uma vez da polemica que envolveu esta decisão tão estranha.
Na McLaren a situação não estava muito bem. Montoia estava demasiadamente descontente com a equipe e com a F1 e, por esta razão, o chefe do time optou que Pedro de la Flor o substituísse novamente.
O acompanhamento psicológico de Fisichella, piloto da Renault, estava dando resultados muito positivos e ele está novamente tão animado, quanto o 1º GP do ano, o qual foi vencedor. Embora Danilo tenha ido bem aos treinos de sexta, sábado, seu desempenho foi totalmente diferente.
Ele não teve uma boa noite de repouso e talvez isso tenha afetado seu desempenho principalmente na sessão de classificação.
Embora estivesse se esforçando para esquecer Pérdula, muitas vezes as memórias dela o perseguia como uma sombra, e todo o seu esforço anterior havia se tornado em vão.
No dia seguinte, a corrida estava para começar. Como previsto, a chuva não ameaçaria o GP.
Os pilotos estavam concentrados em seus carros, aguardando a liberação da pista para a volta de formação e aquecimento de pneus, conhecida aqui por volta de apresentação.
O impressionante foi a largada de Alonzu e Fisichella. Da 4ª posição ele “pulou” para a 2ª posição e Fisichella “pulou” para a 1ª posição.
Os diretores de prova e todos os expectadores acreditaram que ambos teriam queimado a largada, mas tudo indicava que não houve irregularidades na largada.
Os outros pilotos da frente do pelotão continuaram em suas posições e Danilo, que largou em último, conseguiu recuperar algumas posições.
Ainda no início da corrida, Schumacher foi ultrapassado por Haikkonen e De La Flor estava-o pressionando.
Fisichella estava muito motivado e fazia uma corrida muito forte e constante, e assim, conseguia manter-se na liderança. Alonzu era o 2º.
Cerca de 30 voltas depois, ambos entraram nos boxes para o reabastecimento e a calibragem dos pneus, e por isso caíram algumas posições. Os pilotos da McLaren parariam algumas voltas depois.
No ínterim, o ritmo de Fisichella era um pouco instável. Algumas voltas ele conseguia ser mais rápido que Alonzu (que estava atrás) e em outras Alonzu era mais rápido. Por esta razão, Alonzu não conseguia alcançar e ultrapassar seu colega de equipe.
Pensando nisso, Alonzu, por rádio, esbravejou para a equipe:
(Alonzu) – Como é?! Não vão mandar ele me deixar ultrapassar? Estou cansado disso!
(Engenheiro) – Fernandu, o ritmo de ambos está bom, mantenham as posições.
(Alonzu) – Bom nada! Eu preciso ganhar esta corrida e esse “cara” está na minha frente. Mande deixar eu o ultrapassá-lo imediatamente.
(Engenheiro) – Entenda Fernandu, isto não seria bom para o time...
(Alonzu) - ...Isso não me interessa. Boa é minha língua depois da corrida...
Triatori entendeu que isso era uma chantagem e intervém, dizendo por rádio:
(Triatori) – Seu miserável! Você não seria capaz!
(Alonzu) – Eu não seria capaz, mas quem sabe minha boca poderia ser...
(Engenheiro) – Do que é que você está falando?...
(Triatori) – Não interessa!... Está bem Fernandu, direi para o Fisichella “abrir” para você...
Alonzu então se acalma, dizendo:
– É assim que se fala!
Enquanto Fisichella se esforçava em se manter a frente, ele de repente é surpreendido pelo rádio pela seguinte ordem:
- Fernandu está mais rápido. Creio que você entendeu!
Fisichella por sua vez respondeu:
- Não entendi, pode ser mais claro?
Então começou uma longa discussão que duraria mais de 10 voltas, entre Fisichella, Alonzu e Triatori.
(Triatori) – Você está mais lento que Alonzu, você precisa facilitar a ultrapassagem...
(Fisichella) – Não vou fazer isso. Se quiser, ele que me passe na raça. Sei que estou mais rápido...
(Triatori) – Isso é uma ordem!
(Fisichella) – Dane-se!
Essa discussão desconcentra Fisichella e, que de fato, o deixa um pouco mais lento.
Duas voltas seguintes, Alonzu grita pelo rádio:
- Como é?! Esse “cara” não vai me deixar passar?!
(Triatori) – Estou tentando, mas ele não está obedecendo...
(Alonzu) – Então, temos um grande problema... – Respondeu ele irritadíssimo.
Poucas voltas depois, Triatori diz o seguinte para Fisichella:
(Triatori) – É o seguinte, você precisa imediatamente abrir para o Alonzu...
(Fisichella) – Já falei, não vou fazer isso, vou vencer e pronto. Se ele é tão bom assim, que tente me ultrapassar sozinho...
(Triatori) – Escute aqui! Você gosta de corridas né?!
(Fisichella) – É lógico! Eu amo o automobilismo. Por que?
(Triatori) – Então, ou você deixar o Fernandu te ultrapassar, ou essa será sua última corrida da sua vida, você me entendeu?...
(Fisichella) – Isso não me assusta. O senhor não pode fazer isso.
(Triatori) – Não? Esqueceu que o dono da Federação é o meu melhor amigo?
Fisichella ficou sem palavras. Alonzu grita novamente:
- Como é? Eu quero ultrapassar esse “cara”. Vai o mandar fazer isso ou não?
Depois de muito jogo psicológico, na reta que antecede a entrada do pit lane, Fisichella sede e permite a ultrapassagem de Alonzu, sem dificuldades.
De La Flor faz sua parada e os dois pilotos da Renault o alcança. Fisichella, por outro lado, foi aos poucos ficando para trás. Esta discussão com a equipe lhe tirou a concentração plena.
Devido o tempo que perderam, De la Flor conseguiu voltar para a pista à frente de Alonzu. Mas a diferença era muito pouca.
Alonzu o pressiona implacavelmente. Contudo, o piloto da McLaren cometeu um pequeno erro e ao contornar a curva 4. Seu carro escapou de traseira e ele bateu levemente no muro o qual está muito perto da pista. Esse leve toque no muro foi o suficiente para a suspensão quebrar ele abandonou a corrida.
Alonzu, ainda muito irritado, acelera tudo que pode e o que não pode para alcançar Haikkonen que ainda faria sua parada nos boxes.
Após a parada de Haikkonen, Alonzu assumiria a liderança da corrida. Porém, isso durou pouco. Duas voltas seguintes, na chincane que antecede a reta dos boxes (conhecida aqui como muro dos campeões), Alonzu acabou escorregando e bateu o carro no muro, abandonando a corrida. Ele saiu do carro muito irritado, culpando Fisichella pelo acidente.
Se Alonzu estava irritado, Fisichella por outro lado, ficou feliz ao ver o carro de seu parceiro no muro e disse em alta voz:
- Bem feito seu palerma! Você teve o que merecia!! Há! Há! Há! Há!
Esta batida forçou a entrada do Safety Car na pista. Na relargada, Button pressionou Haikkonen, mas por ser também pressionado por Schumacher, Haikkonen conseguiu abrir uma boa vantagem.
Enquanto isso, não muito tempo depois, o carro de Fisichella começou a falhar e ele logo abandonou a corrida. Alonzu que assistia a corrida por uma tela, dentro da garagem da equipe, ergueu o braço, comemorando a quebra do carro de seu parceiro. Após isto ele retirou-se dali.
Ao ser pressionado por Schumacher, Button escorregou também levemente de lateral, na tal curva do “muro dos campeões” e bateu o carro, quebrando-lhe a suspensão e abandonado a corrida. Mais uma vez, safety car na pista. O safety car entrou na pista por mais três vezes, por conta de batidas semelhantes.
Danilo fazia uma corrida bem discreta, porém, constante. Com tantas quebras e tropeços, ele se beneficiou muito e chegara a zona de pontuação. Aliada a boa estratégia, nas voltas finais, Danilo alcançou a “zona do pódio”.
Haikkonen ficou também com o caminho livre e venceu a corrida. Schumacher ficou em 2º e Santos em 3º. Filipe Massa terminou a corrida num excelente 4º lugar e Barriguello em 5º.
(clique aqui e confira o resultado completo)
Mesmo com esta superação, o olhar de Danilo continuava muito triste na festa do pódio.
De qualquer forma, a F1 não teria descanso visto que deveria aprontar as malas para o GP dos EUA que seria no final de semana seguinte.
(Contínua no próximo capítulo | Confira também a tabela do campeonato)